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RBCE - A revista da



                                                              o mercado de trabalho continuar permitindo que isso
                                                              possa ser feito.

                                                              No entanto, o número de pessoas que recebem benefí-
                                                              cios da previdência e programas sociais como o BPC,
                                                              tende a crescer pelo envelhecimento da população e em
                                                              sua maioria recebe o piso. São pessoas essenciais no orça-
                                                              mento das famílias. Governantes são eleitos. Dependem
                                                              de votos da maioria da população, entre os quais os mais
                                                              pobres. Politicamente é quase impossível convencer os
                                                              eleitores de que teriam de abrir mão de algum benefício
                                                              no presente em prol de um futuro promissor, que muita
                                                              gente não acredita que haverá de fato.
                                                              Pelo menos uma geração conviveu apenas com o real
                                                              na economia brasileira. Uma geração que não sentiu na
                                                              pele os efeitos negativos da hiperin ação. A economia
                                                              brasileira não deixou de evoluir, outros problemas sur-
                                                              giram, e o dilema da insu ciência de poupança e investi-
                                                              mento ainda nos atormenta.  uem sabe, nessa fase em
                                                              que o real passará de uma moeda jovem adulta para a
                                                              maturidade, não surgirão luzes no horizonte?

          Há certamente quem discorde, mas de maneira geral en-
          tre os formadores de opinião, formuladores de expecta-
          tivas – economistas, empreendedores, traders, analistas
          de mercado, gestores de fundos, in uencers na mídia
          digital etc – o diagnóstico para a escassez de poupan-
          ça, aponta mais para desequilíbrios do setor público
          do que para o esforço privado. Um desequilíbrio, antes
          atribuído a folhas de pagamento e gerenciamento falho
          em gastos nas áreas de saúde, educação e segmentos de
          infraestrutura que permanecem sob responsabilidade
          direta do Estado.

          Não se pode negar que houve considerável avanço nes-
          ses itens, a exemplo da Lei de Responsabilidade Fiscal
          e das concessões de serviços públicos que agora se ace-
          leram, felizmente, no segmento de saneamento básico.
          Então os focos de atenção se voltaram mais para a previ-
          dência social e aos programas sociais relacionados com
          ela. As reformas reduziram signi cativamente os atalhos   “
          das aposentadorias precoces no regime geral e as regras   Desse modo, a política de valorização do
          também se tornaram mais rígidas no setor público. Em       mínimo (com aumentos reais, mesmo
          vinte anos, setor público e regime geral estarão pratica-  que limitados agora a 2,5% ao ano) po-
          mente sobre as mesmas regras.
                                                                     deria ser mantida, enquanto o mercado
          O que pode ser feito no horizonte de curto e médio         de trabalho continuar permitindo que
          prazos. Na opinião de vários especialistas, a saída se-              isso possa ser feito.
          ria desvincular o salário-mínimo do piso de benefícios
          previdenciários. Desse modo, a política de valorização
          do mínimo (com aumentos reais, mesmo que limitados                                                ”
          agora a 2,5% ao ano) poderia ser mantida, enquanto


          Nº  163 - Abril, Maio e Junho de 2025                                                               9
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