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Comentário internacional








             Uma jovem adulta - Real a moeda brasileira



















                                                                                 George Vidor
                                                                             é economista e jornalista


              George Vidor



          Há trinta e um anos em 1º de julho de 1994, o Brasil ganhava uma nova moeda que em operação sensacional de
          troca rapidamente, chegou aos bolsos de todos os cidadãos. O Plano Real seria o primeiro programa de estabiliza-
          ção bem-sucedido, após várias tentativas frustradas de se vencer a hiperin ação. Um mal crônico que ainda deixou
          muitas sequelas na economia brasileira.

          A queda brusca da in ação, expôs sérias de ciências e desequilíbrios da economia exigindo diversos tipos de ajustes,
          até hoje não concluídos. Embora o real aos 31 anos, já seja uma moeda jovem adulta, praticamente entrando no
          período de maturidade.

          O Brasil continua a se ressentir de investimentos, com poupança interna aquém do que seria necessário. Graças ao
          crescimento das exportações, o país não se tornou tão dependente de poupanças externas que poderiam provocar
          um quadro de vulnerabilidade no balanço de pagamento. Historicamente, as crises mais graves na economia brasi-
          leira tiveram como estopim o câmbio, em face de tais vulnerabilidades.

          O real permanece como uma moeda bem volátil, diante das demais que servem de referência para as transações
          comerciais e  nanceiras internacionais. As explicações para isso estão mais relacionadas com projeções para o fu-
          turo do que em relação ao presente. Algo mais relacionado a componentes comportamentais do que propriamente
          a estatísticas econômicas, pois tal descon ança resistente não traduz uma incapacidade da economia brasileira de
          encontrar soluções duradouras para seus problemas. Os problemas existem, e merecem ser tratados com seriedade,
          mas não são insolúveis. Ah, o Brasil é um grande exportador de commodities, e não se destaca pela venda de pro-
          dutos e serviços de maior valor agregado. Antes de tudo é preciso desmisti car essa questão. Os commodities que
          o Brasil exporta não se enquadram mais naquela velha categoria de “produtos primários”. Seja no agronegócio, na
          mineração, nos hidrocarbonetos, o que há de tecnologia “tropical” embutida é um colosso. Extrair petróleo e gás nas
          camadas do pré-sal, em águas oceânicas ultraprofundas, a duas centenas de quilômetros da costa, a custos competi-
          tivos, não é tarefa trivial. Da mesma forma que produzir soja, milho, algodão, sorgo no cerrado.

          Ou explorar minério de ferro na Amazônia, e percorrer enormes distâncias para levá-lo até o Extremo Oriente.

          Mas o Brasil precisa expandir e melhorar sua infraestrutura. Instruir e educar um grande contingente da população, para
          que possamos ser mais produtivos como nação. Isso depende de incremento nos investimentos, de mais poupança interna.

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