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RBCE - A revista da
são reportadas as emissões decorrentes das mudanças
de uso da terra e emissões estacionárias (como caldeiras
e geradores). Já as emissões decorrentes da compra de
energia elétrica do grid, quando aplicáveis, são reporta-
das no Escopo 2. Emissões ligadas à atividade da usina,
mas sob responsabilidade de terceiros, são reportadas no
chamado Escopo 3 – um exemplo seriam as emissões de
plantio e transporte da cana-de-açúcar quando são reali-
zadas por fornecedores.
CRÉDITOS DE CARBONO
Um projeto de crédito de carbono é uma atividade espe-
cí ca ou conjunto de atividades com o objetivo de redu-
zir emissões de GEE, aumentar o estoque de carbono ou
Foto de Victoria Priessnitz na Unsplash
aumentar as remoções de GEE da atmosfera, segundo o
GHG Protocol. Esse projeto precisa demonstrar possuir
adicionalidade, ou seja, a redução de emissões de GEE
do projeto deve ser adicional à que ocorreria na ausência
de tal projeto. Além disso, as reduções de emissão de-
vem ser reais, permanentes, veri cáveis e os créditos de
carbono emitidos após efetiva veri cação.
Além dos produtos físicos decorrentes dos processos de
produção – etanol, açúcar, biometano, fertilizantes – Os créditos de carbono são usados pelas organizações
essa indústria é pródiga na geração de ativos ambientais, para compensar ou abater emissões diretas e indiretas
que podem alavancar a economia de baixo carbono para associadas às operações, reportadas pela plataforma do
outros setores da economia e gerar receitas extras. Mais GHG Protocol. As emissões “negativas” decorrentes do
ainda, para usinas voltadas para a exportação, a geração projeto de crédito de carbono podem ser adquiridas pe-
de ativos ambientais aumenta o valor agregado do pro- las organizações para abater emissões próprias dentro
duto exportado, criando um diferencial competitivo no dos Escopos 1, 2 ou 3, em complemento às eventuais
aspecto ambiental. Este artigo tratará de quatro ativos ações internas da organização para diminuir suas emis-
ambientais gerados a partir da indústria de açúcar e ál- sões. O uso de créditos de carbono não diminui as emis-
cool – CBIOs, Créditos de Carbono, I-RECs e GAS-
-REC – todos ligados de alguma forma à mitigação de
gases de efeito estufa (GEE).
chamado Protocolo GHG, que é uma plataforma com “
A base de contabilidade desses ativos ambientais está no
Para incentivar a redução das
procedimentos para que organizações em todo o mun- emissões de gases de efeito estufa, a
do possam relatar suas emissões de gases de efeito estufa,
permitindo a padronização e consequente comparabili- indústria de açúcar e etanol no Brasil
dade. Essa forma organizada de relato divide as emissões se bene cia de diversos mecanismos e
de GEE em três diferentes escopos ou âmbitos: emissões programas. Um exemplo é o
de responsabilidade direta da organização (Escopo 1), Mecanismo de Desenvolvimento
emissões decorrentes da compra de energia (Escopo 2)
e emissões da cadeia de fornecedores (Escopo 3). Por Limpo (MDL), estabelecido pelo
exemplo, as emissões de gases de efeito estufa decor- Protocolo de uioto, que permite a
rentes do cultivo e transporte da cana-de-açúcar (ma- geração e a comercialização de
joritariamente pela queima de óleo diesel em tratores e
caminhões) devem ser reportadas no Escopo 1, dentro créditos de carbono
”
da categoria “Emissões Móveis”. Também no Escopo 1
Nº 156 - Julho, Agosto e Setembro de 2023 55