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RBCE - A revista da
A economia chinesa hoje é a que mais rivaliza com a trabalhando internamente para tornar a economia mais
americana. No entanto, as medidas mais protecionis- competitiva. Precisamos melhorar a infraestrutura, pro-
tas e de retaliação comerciais dos Estados Unidos, atin- mover reformas em prol do equilíbrio scal e aproveitar
gem principalmente, por enquanto, seus dois vizinhos as janelas que se abrem. Os problemas brasileiros são
(Canadá e México), e antigos aliados, como o Brasil e mais de caráter doméstico. Não decorrem do que acon-
nações da Europa Ocidental. Simultaneamente, o tom tece lá fora. O mundo dá voltas. E numa delas pode che-
de ameaça permanente do governo Trump parece obter gar a nossa hora e nossa vez (parafraseando João Guima-
resultados no con ito do Oriente Médio, entre Israel e rães Rosa em seu Sagarana).
palestinos, e na guerra fraticida entre Rússia e Ucrânia.
O mundo está mesmo em uma fase de virar de cabeça
para baixo. uem ganhará ou perderá com isso? Novas
alianças se formarão? O liberalismo econômico retroce-
derá cedendo espaço para um protecionismo prejudicial
ao comércio internacional? O nacionalismo capitanea-
do por movimentos de extrema direita tende a ser a tô-
nica marcante no quadro político de diferentes países,
em todos os continentes?
O Brasil, infelizmente, pouco pode contribuir na solu-
ção desses problemas. Nosso peso político e econômico, “
além da situação geográ ca, nos deixam de fora desses Os problemas brasileiros são mais de
eixos mais conturbados. Em outros tempos, isso poderia caráter doméstico. Não decorrem do
ser um trunfo diplomático, mas agora quem não está no que acontece lá fora. O mundo dá
tabuleiro de xadrez não vem tendo voz.
voltas. E numa delas pode chegar a
Tal quadro não é motivo para o Brasil car de braços nossa hora e nossa vez
cruzados e esperar para ver o que vai acontecer. ual-
”
quer que seja o cenário futuro, o Brasil precisa continuar
Nº 162 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2025 9