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RBCE - A revista da
cação de esforços em diversas frentes. No século XXI, boratórios estrangeiros, o Sr. poderia explicar a es-
um marco aconteceu em 2009, com a criação do Centro tratégia e tática desenvolvida de modo breve?
de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz),
que deu forma e governança a esse processo. A estratégia para a produção de vacinas e medicamentos
da Fiocruz sempre esteve relacionada às demandas do
A cooperação internacional na Fiocruz abarca múltiplas Ministério da Saúde (MS) e ao fortalecimento do nosso
frentes, nas áreas das ciências biomédicas, na saúde pú- Sistema Único de Saúde (SUS). A busca e a escolha dos
blica, em estudos epidemiológicos e, é evidente, na pro- parceiros também são pautadas nessa direção.
dução de vacinas e medicamentos, o que traz impacto
efetivo sobre as iniquidades em saúde. A Fiocruz tem Com a pandemia, a Fiocruz enfrentou muitos desa os
assumido um papel cada vez mais relevante no contexto relacionados à cadeia de suprimentos, mesmo tendo
internacional, inclusive com protagonismo na resposta uma capacidade produtiva signi cativa. Ficou evidente
à pandemia de Covid-19 ampla e mundialmente reco- a necessidade de intensi car uma estratégia voltada para
nhecido. A instituição se estabeleceu como um ator glo- o fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial
bal fundamental na produção de ciência e tecnologia, da Saúde (Ceis), agenda que tem sido considerada prio-
e na formação dos pro ssionais de saúde, em parcerias ritária pelo governo brasileiro. Nesse contexto, nossos
com instituições similares no Brasil e no mundo. Co- projetos e parcerias públicas e privadas têm se dado no
operamos com instituições de Ciência e Tecnologia e sentido de reduzir a dependência de importações de in-
com universidades em todo o mundo. sumos farmacêuticos ativos e promover a autossu ciên-
cia fabril, pensando não apenas em suprir nossas neces-
Nosso processo de internacionalização é pautado em sidades nacionais, mas também em atender demandas
uma cooperação estruturante, que oferece uma resposta regionais e internacionais.
global mais equilibrada em saúde, com foco no forta-
lecimento dos sistemas de saúde e, mais recentemente, Nossa estratégia de inovação, ampliação da carteira de
também no desenvolvimento tecnológico e industrial produtos, se baseou historicamente em parcerias interna-
dos países do Sul global. Para responder ainda melhor cionais. Mais recentemente, fortalecemos a estratégia de
a esse desa o, estou criando uma nova Vice-Presidência desenvolvimento autóctone de produtos, o que vem dese-
especialmente dedicada à cooperação internacional, no nhando novas cooperações internacionais, de co-desen-
contexto da Saúde Global. Também estamos presentes volvimento. Agora, com o grau de maturidade cientí ca e
em diversos âmbitos de debate e negociações multila- tecnológica da instituição, a Fiocruz também pode atuar
terais, sempre acompanhando o governo brasileiro em como um parceiro estratégico capaz de trabalhar com ins-
reuniões e fóruns, como as assembleias gerais da Orga- tituições públicas e privadas, nacionais e internacionais,
nização Mundial da Saúde (OMS). possibilitando o co-desenvolvimento de produtos, kits
de diagnóstico e tratamentos. Já chegamos no ponto, in-
Alinhada à sua missão institucional, a Fiocruz está avan- clusive, de hoje sermos capazes de fornecer tecnologia e
çando no processo de internacionalização de suas estru- fomentar a produção local em outros países, oferecendo
turas, focando em duas dimensões: a inserção da Fiocruz também o auxílio que buscávamos no passado.
em ambientes promotores de inovação, o que estimula o
desenvolvimento de projetos de alta densidade cientí ca 3) Com relação à OMS, qual a estratégia está sendo
e tecnológica, e o aprofundamento da cooperação estru- adotada para rmar a posição da Fiocruz no cenário
turante com os países da União Africana, sobretudo para global?
promover parcerias no campo da saúde pública e no desen-
volvimento da capacidade de produção local. Neste senti- Cooperamos com a Organização Mundial da Saúde
do, estamos estruturando escritórios de representação ins- (OMS) em diversas iniciativas nas áreas de pesquisa,
titucional, sendo o primeiro em Portugal - em parceria com desenvolvimento e produção de vacinas, vigilância, trei-
outras instituições brasileiras, como a ApexBrasil - e outro namento de pro ssionais, e preparação e resposta para
em Adis Abeba. Ambas as iniciativas contam com apoio emergências sanitárias. Em 2023, rmamos uma parce-
do governo federal, por meio do Ministério das Relações ria para fortalecer a vigilância global de vírus, bactérias e
Exteriores, e das embaixadas brasileiras nestes países. outros patógenos causadores de doenças. O acordo, as-
sinado durante a Assembleia Mundial de Saúde, de niu
2) Em relação às parcerias comerciais estabelecidas as bases da cooperação entre a Fundação e o Hub para
para a produção de vacinas e medicamentos por meio Inteligência Pandêmica e Epidêmica da OMS, instala-
de associações ou encomendas tecnológicas com la- do em Berlim. Mais recentemente, em fevereiro, a OMS
Nº 162 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2025 5