Page 13 - RBCE 162
P. 13
RBCE - A revista da
o Secretariado Executivo da Comunidade dos Países de logias, de forma a estimular o desenvolvimento produtivo
Língua Portuguesa (CPLP) rmaram um memorando regional e a soberania de nações na produção de insumos
de entendimento que representou um passo fundamen- estratégicos. Como base para auxiliar na elaboração e estru-
tal para fortalecer a cooperação internacional em saúde. turação desses e de outros propósitos, já contamos com um
Ao consolidar essa parceria, a Fiocruz busca avançar no escritório em Moçambique, desde 2008, com a criação de
desenvolvimento de capacidades técnicas e tecnológicas uma representação da Fiocruz em Adis Abeba, capital da
em saúde e reforçar uma estratégia de Saúde Global que Etiópia e sede da União Africana, e com a previsão de con-
atenda às necessidades coletivas. Participamos, em 15 de tarmos também um espaço estratégico em Portugal.
abril de 2025, em São Tomé e Príncipe, da reunião dos
ministros da saúde da CPLP, de nindo o plano de ação Uma das diversas frentes de atuação está relacionada ao
da cooperação em saúde para os próximos dois anos. projeto de vacinas baseadas na tecnologia de mRNA. É
nosso compromisso como hub, nomeado pela OMS em
6) Em relação à cúpula dos Brics, em julho, no Brasil, 2021, não somente exportar vacinas de Covid-19 desen-
qual será a posição que a Fiocruz subsidiará o Gover- volvidas a partir dessa tecnologia, mas também transfe-
no Brasileiro e os demais países membros? rir tecnologia para os países da América Latina.
Enquanto instituição estratégica do Estado brasileiro, a Estamos avaliando o uso desta plataforma para desen-
Fiocruz trabalha no sentido de garantir e dar bases para volver vacinas destinadas a diferentes alvos de relevância
o avanço das políticas de nidas pelo Governo Federal. para a saúde pública. Para isso, atuamos no desenvolvi-
Alinhada a essa visão, a Fundação lidera importantes ini- mento tecnológico de novos alvos, com foco em vírus
ciativas, como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimen- sincicial respiratório (VSR), leishmaniose, tuberculose
to de Vacinas dos Brics, âmbito no qual há, hoje, muita e febre amarela. Também estamos trabalhando em febre
preocupação em torno de qual será a nova pandemia. O oropouche, varíola e Zika, além de considerar a aplicabi-
governo brasileiro propõe o aprofundamento dessas dis- lidade da tecnologia de mRNA para anticorpos mono-
cussões para que, caso haja uma nova crise como foi a de clonais e vacinas terapêuticas.
Covid-19, possamos oferecer uma resposta global ágil.
Grande parte desse desenvolvimento tecnológico está
Além disso, o Brasil está propondo uma rede para o sendo realizado com base em redes e na busca de estabe-
enfrentamento de doenças socialmente determinadas lecimento de consórcios com diferentes parceiros, como
e tropicais negligenciadas, que são malária, dengue e as o apoio do Medicines Patent Pool (MPP) e da OMS.
hepatites, por exemplo. A Fiocruz pretende ainda orga-
nizar a primeira conferência dos Institutos Nacionais de Temos também o projeto da combinação das vacinas
Saúde Pública dos Brics, como fez com os do G20. E de febre amarela, sarampo e rubéola, para o desenvol-
uma outra dimensão é uma rede de pesquisa em sistemas vimento de uma vacina combinada para a África, tendo
de saúde dos Brics, que estamos liderando a partir do nesta empreitada o apoio da Fundação Gates.
alinhamento com o Ministério da Saúde. O objetivo é
o compartilhamento de experiências e práticas bem-su- Nosso Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos
cedidas em saúde. Sem dúvida será uma oportunidade (Bio-Manguinhos/Fiocruz) desempenha um importan-
para o Brasil apresentar bons exemplos de sua experiên- te papel na contenção da febre amarela em nível global,
cia no SUS, como a Estratégia da Saúde da Família. tendo sua vacina pré-quali cada pela OMS desde 2001,
o que a torna apta a ser adquirida pelas Agências das Na-
7) Finalmente, quais são os planos da Fiocruz para ções Unidas. O Instituto já exporta esse imunizante para
eventualmente exportar vacinas e medicamentos mais de 70 países. Estamos em fase de pré-quali cação
para países de menor desenvolvimento relativo ao da vacina de sarampo e rubéola junto à OMS com meta
do Brasil ou outros países; e assim internacionalizar de exportá-la também. Por m, em outro projeto nan-
suas atividades hoje e no futuro? ciado pela Fundação Gates, o RNA Network, a pauta
é a transferência de conhecimento para o desenvolvi-
Nossa estratégia atual é de avançar para além das exporta- mento de sistemas de RNA autoampli cável (saRNA)
ções de vacinas e medicamentos acabados. Temos a potência e mRNA convencional.
de ser um parceiro estratégico para países da América Latina
e da África no fomento à produção local e regional, com o
objetivo de ampliar o acesso das populações a esses insumos.
Trata-se de atuarmos também na transferência de tecno-
Nº 162 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2025 7