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RBCE - A revista da



          o  Secretariado  Executivo  da  Comunidade  dos  Países  de  logias,  de  forma  a  estimular  o  desenvolvimento  produtivo
          Língua  Portuguesa  (CPLP)   rmaram  um  memorando  regional  e  a  soberania  de  nações  na  produção  de  insumos
          de  entendimento  que  representou  um  passo  fundamen-  estratégicos. Como base para auxiliar na elaboração e estru-
          tal para fortalecer a cooperação internacional em saúde.  turação desses e de outros propósitos, já contamos com um
          Ao  consolidar  essa  parceria,  a  Fiocruz  busca  avançar  no  escritório em  Moçambique,  desde  2008, com  a  criação de
          desenvolvimento  de  capacidades  técnicas  e  tecnológicas  uma  representação  da  Fiocruz  em  Adis  Abeba,  capital  da
          em saúde e reforçar uma estratégia de Saúde Global que   Etiópia e sede da União Africana, e com a previsão de con-
          atenda às necessidades coletivas. Participamos, em 15 de  tarmos também um espaço estratégico em Portugal.
          abril  de  2025,  em  São  Tomé  e  Príncipe,  da  reunião  dos
          ministros da saúde da CPLP, de nindo o plano de ação   Uma das diversas frentes de atuação está relacionada ao
          da cooperação em saúde para os próximos dois anos.  projeto de vacinas baseadas na tecnologia de mRNA. É
                                                              nosso compromisso como hub, nomeado pela OMS em
          6) Em relação à cúpula dos Brics, em julho, no Brasil,  2021, não somente exportar vacinas de Covid-19 desen-
          qual será a posição que a Fiocruz subsidiará o Gover-  volvidas a partir dessa tecnologia, mas também transfe-
          no Brasileiro e os demais países membros?           rir tecnologia para os países da América Latina.

          Enquanto instituição estratégica do Estado brasileiro, a  Estamos avaliando o uso desta plataforma para desen-
          Fiocruz trabalha no sentido de garantir e dar bases para  volver vacinas destinadas a diferentes alvos de relevância
          o avanço das políticas de nidas pelo Governo Federal.  para a saúde pública. Para isso, atuamos no desenvolvi-
          Alinhada a essa visão, a Fundação lidera importantes ini-  mento tecnológico de novos alvos, com foco em vírus
          ciativas, como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimen-  sincicial respiratório (VSR), leishmaniose, tuberculose
          to de Vacinas dos Brics, âmbito no qual há, hoje, muita  e febre amarela. Também estamos trabalhando em febre
          preocupação em torno de qual será a nova pandemia. O  oropouche, varíola e Zika, além de considerar a aplicabi-
          governo brasileiro propõe o aprofundamento dessas dis-  lidade da tecnologia de mRNA para anticorpos mono-
          cussões para que, caso haja uma nova crise como foi a de  clonais e vacinas terapêuticas.
          Covid-19, possamos oferecer uma resposta global ágil.
                                                              Grande parte desse desenvolvimento tecnológico está
          Além disso, o Brasil está propondo uma rede para o  sendo realizado com base em redes e na busca de estabe-
          enfrentamento de doenças socialmente determinadas   lecimento de consórcios com diferentes parceiros, como
          e tropicais negligenciadas, que são malária, dengue e as  o apoio do Medicines Patent Pool (MPP) e da OMS.
          hepatites, por exemplo. A Fiocruz pretende ainda orga-
          nizar a primeira conferência dos Institutos Nacionais de   Temos também o projeto da combinação das vacinas
          Saúde Pública dos Brics, como fez com os do G20. E  de febre amarela, sarampo e rubéola, para o desenvol-
          uma outra dimensão é uma rede de pesquisa em sistemas   vimento de uma vacina combinada para a África, tendo
          de saúde dos Brics, que estamos liderando a partir do  nesta empreitada o apoio da Fundação Gates.
          alinhamento com o Ministério da Saúde. O objetivo é
          o compartilhamento de experiências e práticas bem-su-  Nosso Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos
          cedidas em saúde. Sem dúvida será uma oportunidade  (Bio-Manguinhos/Fiocruz) desempenha um importan-
          para o Brasil apresentar bons exemplos de sua experiên-  te papel na contenção da febre amarela em nível global,
          cia no SUS, como a Estratégia da Saúde da Família.  tendo sua vacina pré-quali cada pela OMS desde 2001,
                                                              o que a torna apta a ser adquirida pelas Agências das Na-
          7) Finalmente, quais são os planos da Fiocruz para  ções Unidas. O Instituto já exporta esse imunizante para
          eventualmente exportar vacinas e medicamentos       mais de 70 países. Estamos em fase de pré-quali cação
          para países de menor desenvolvimento relativo ao    da vacina de sarampo e rubéola junto à OMS com meta
          do Brasil ou outros países; e assim internacionalizar   de exportá-la também. Por  m, em outro projeto  nan-
          suas atividades hoje e no futuro?                   ciado pela Fundação Gates, o RNA Network, a pauta
                                                              é a transferência de conhecimento para o desenvolvi-
          Nossa estratégia atual é de avançar para além das exporta-  mento de sistemas de RNA autoampli cável (saRNA)
          ções de vacinas e medicamentos acabados. Temos a potência  e mRNA convencional.
          de ser um parceiro estratégico para países da América Latina
          e da África no fomento à produção local e regional, com o
          objetivo de ampliar o acesso das populações a esses insumos.
          Trata-se  de  atuarmos  também  na  transferência  de  tecno-


          Nº  162 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2025                                                        7
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