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RBCE - A revista da
tenção estratégica da empresa em querer se expor de for- internacional por parte da MedTech brasileira. Dessa
ma coerente ao mercado internacional de dispositivos forma poderá explorar outras oportunidades no mer-
médicos de tecnologia assistiva. Agora, só falta ganhar cado britânico e europeu, e isso já está incorporado na
a concorrência. missão e nos objetivos da empresa no Brasil.
Através da exposição de um caso concreto, procuramos
PRÓXIMOS PASSOS nesse artigo mostrar que há formas de inovar e buscar
exportar dispositivos médicos de tecnologia assistiva,
desde que haja um apoio direto, no Brasil, às empresas
De acordo com estudos da Cambridge Industrial In-
novation Policy, programas que promovem o acesso a do setor, sejam elas startup ou já estabelecidas no merca-
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compras públicas com uma abordagem focada no risco do brasileiro. De fato, o que se precisa é estabelecer jor-
tem uma preponderância signi cativa na captação de nadas de escolha do modo de entrada e internacionaliza-
inovação tecnológica, em contraste com modelos mais ção para conquistar cada mercado europeu para o setor
centrados no custo. Essa modalidade de aquisição prio- de dispositivo médico como uma missão orientada do
riza o impacto de longo-prazo em detrimento do ime- CEIS. Para isso só falta estabelecer iniciativas no Brasil
diatismo associado ao custo-e ciência, encorajando assentadas na auscultação de informação e consequente
inovações disruptivas com potencial transformador no ajuste de estratégias que bene ciem as empresas brasilei-
setor da saúde. ras do setor de dispositivos médicos, com a ampliação
do seu acesso ao mercado europeu, partilhando o risco
Focado e desenhado para pequenas e medias empresas, da inovação com o setor público europeu e com uma vi-
entre as quais a MedTech em referência, essa modalida- são de longo-prazo.
de de compra de inovação visa apoiar empresas da área
de saúde que tenham di culdades em competir em mer-
cados de compras públicas onde o critério custo-e ciên-
cia prevalece.
Mecanismos de compras públicas como o descrito no
âmbito do NHS, proporcionam recursos para desenvol-
vimento, oportunidades de adjudicação e escalabilidade
de soluções inovadoras em colaboração com o setor pú-
blico, facilitando desta forma o acesso ao mercado por
parte de organizações de menor porte, estejam elas loca-
lizadas no Reino Unido ou no Brasil.
Adicionalmente, participar dessa concorrência por par-
te da MedTech brasileira já lançou as bases fundamen-
tais para que a empresa adquirisse uma maior agilidade
na concepção do projeto de inovação para a compra
pública internacional na área de saúde. Isso a fez iden-
ti car suas core competences e ter um plano de negócios
dade, a MedTech teve e aprendeu a fazer pitch, se expôs “ Participar dessa concorrência por
internacional expondo desde a solução até a sua comer-
cialização. E, por ter passado pelos critérios de elegibili-
e se envolveu com instituições públicas de saúde numa parte da MedTech brasileira já
fase precoce do seu processo de internacionalização. lançou as bases fundamentais para
Através de um critério de maior exibilidade na avalia-
ção de propostas, contemplando fatores como potencial que a empresa adquirisse uma maior
de escalabilidade, impacto em processos vigentes e grau agilidade na concepção do projeto de
transformativo, instituindo condições dinâmicas ao inovação para a compra pública
mercado, há possibilidades de se ganhar a concorrência internacional na área de saúde
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10 Acesse: https://www.ciip.group.cam.ac.uk/. ”
Nº 160 - Julho, Agosto e Setembro de 2024 45