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Comentário Internacional










             De Guttemberg à transformação digital
















                                                                                 George Vidor
                                                                             é jornalista e economista



              George Vidor

          Sabe-se que os chineses conseguiam fazer impressões em papel há muitos séculos, mas foi realmente Guttemberg, com
          seus tipos móveis – representando letras e símbolos – e uma prensa inovadora em Mainz, na Alemanha, que possibi-
          litou a disseminação, a partir da segunda metade do século XV, do que chamamos imprensa. Guttemberg imprimiu
          inicialmente  uma  versão  da  Bíblia  e  isso  causaria  uma  revolução,  não  só  na  comunicação,  mas  no  estilo  de  vida  de
          grande parte do planeta. A leitura se tornou mais acessível, mais atraente. Livros, anteriormente todos copiados à mão,
          deixaram de ser exclusivos das bibliotecas dos mosteiros. Os novos livros impressos eram disputados com avidez pelos
          letrados, que foram se multiplicando à medida que a curiosidade pela leitura, pela informação, se espraiava.

          A arquitetura das igrejas se transformou. Em vez de ambientes sombrios, que induziam à introspecção, a entrada da luz passou
          a ser preponderante, para facilitar a leitura dos textos sagrados, das orações. Além da publicação de livros, surgiram os jornais.
          Em todos os sentidos, a luz foi se sobrepondo às trevas. Passo a passo, o conhecimento foi chegando a mais pessoas.

          Essa revolução na comunicação daria um novo grande passo no século XIX, com o uso do telégrafo e do telefone. E
          nas primeiras décadas do século XX, o avanço das telecomunicações e da energia elétrica aceleraram tal transformação,
          com o telégrafo sem  o, o rádio, o radar e a transmissão de imagens analógicas pela televisão.

          No entanto, somente comparável à iniciativa de Guttemberg foi a revolução causada pela internet, já nas últimas déca-
          das do século XX. Passamos a viver em um mundo de comunicação instantânea. Ninguém mais precisa esperar pelos
          telejornais da noite para saber o que está acontecendo. Mudanças muito rápidas vêm ocorrendo nas formas de se pro-
          duzir, distribuir, consumir. Ensino à distância, telemedicina, internet das coisas, home o ce. Transferências  nanceiras
          em nanosegundos. Na infraestrutura das telecomunicações, a quinta geração, 5G, já é presente nos aparelhinhos, smar-
          tphones, que carregamos no bolso. E, junto a isso, a inteligência arti cial multiplicando a capacidade de processamento
          e pesquisas, das mais banais às mais complexas no campo da ciência e da tecnologia. Se o homem conseguiu conquistar
          o espaço ainda sem essa tecnologia, imaginem agora.

          O que virá dessa transformação digital? Alguns horizontes já são visíveis, mas há também um amplo espaço para conjecturar.

          Nesse sentido, foi uma satisfação ter participado como moderador de dois painéis no evento organizado pela Funcex,
          no Rio de Janeiro, para celebrar os 25 anos da presença no Brasil da gigante empresa chinesa de tecnologia Huawei (de
          quebra, ainda tivemos uma visita comemorativa ao monumento do Cristo Redentor, em pleno luar). O tema do even-
          to foi exatamente a Transformação Digital. Os painelistas nos atualizaram sobre iniciativas importantes nesse campo

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