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Sustentabilidade e Comércio Exterior










             ESG: O G deve vir primeiro






















               Luís Carlos   Luís Guedes
              Szymonowicz

          Uma empresa bem administrada articula de maneira competente a melhoria contínua dos processos de negócio e a
          construção atenta de uma visão de futuro aspiracional. O presente bem gerido viabiliza a caminhada em direção ao
          futuro que se deseja.

          A governança corporativa é fundamental tanto para a articulação do presente, quanto para a viabilização da aspi-
          ração futura. Apesar da amplitude do termo, governança refere-se ao conjunto de processos por meio dos quais as
          organizações são dirigidas, controladas e responsabilizadas pelos seus atos e omissões. A governança está sustentada
          pelos princípios da abertura, integridade e responsabilidade, e por meio dela são formalizados o processo de deci-
          são, os métodos de controle, a remuneração dos principais executivos e executivas, as regras gerais de conduta e de
          engajamento com as principais partes interessadas.
          Quando amparada pelos aspectos sociais e ambientais da organização, a governança toma um caráter ainda mais rele-
          vante. O acrônimo ESG refere-se exatamente às políticas e práticas adotadas pela organização para equilibrar a forma
          como gerencia suas operações, tendo em vista aspectos relevantes de ordem social e ambiental. Incluem-se aí as decisões
          de negócios, a prestação de contas à sociedade, formas de dar transparência às ações e, fundamentalmente, de gerenciar
          o risco da operação. Apesar de evidências empíricas não conclusivas, há relativo consenso de que o bom desempenho
          em ESG esteja associado à geração de valor. O “G” visa garantir que as práticas de negócios sejam éticas, transparentes
          e responsáveis – nada menos do que a sociedade espera das organizações, notadamente das mais admiradas.

          É improvável que negócios não sustentáveis social e ambientalmente ofereçam um retorno de longo prazo apropria-
          do, seja porque não conseguem estabelecer laços com a comunidade, seja pela má publicidade ou ainda porque serão
          alvo de concorrentes mais engajados. Nessa perspectiva, práticas pouco elaboradas de governança e sustentabilidade
          custam caro tanto para os acionistas quanto para outras partes interessadas.

          Não existe, no entanto, uma solução “tamanho único” para os desafios da concepção e implementação de diretrizes
          socioambientais. Muitas empresas começam a caminhada ESG pelos temas de sustentabilidade e social, absolu-
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          Luís Carlos Szymonowicz é sócio fundador da Szymonowicz Advogados e presidente da Comissão de Relações Internacionais da OAB/SP
          Luís Guedes é professor-doutor da FIA Business School, conselheiro do Comitê Consultivo de Políticas e Ações Climáticas da Prefeitura de São Paulo e
          pós-doutorando em inteligência artificial na FEA/USP
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