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RBCE - A revista da



          instalem em cidades como Madrid, Barcelona ou Málaga,
          alguns dos maiores centros de inovação de toda a Europa.  “   A intensi cação da cooperação
                                                                     bilateral em áreas como tecnologia,

          COMÉRCIO BILATERAL                                             inovação e sustentabilidade
                                                                     impulsionará o desenvolvimento de
          A Espanha tornou-se um dos dez maiores parceiros co-           novos produtos e serviços e é
          merciais do Brasil, havendo encerrado o ano de 2024       fundamental para garantir um futuro
          como o quinto principal destino para as exportações bra-
          sileiras, contabilizando 10 bilhões de dólares (subida de    mais próspero e ambientalmente
          duas posições em relação ao ano anterior e volume 26%                  responsável
          superior). Como mencionado, a pauta de exportações
          brasileiras ainda é fortemente concentrada em petróleo                                            ”
          (48% do total), com contribuição importante também
          de commodities do setor agrícola, notadamente soja em  TURISMO
          grãos (18% – além de outros 5,1% correspondentes ao
          farelo e outras rações animais), café verde (3,6%) e mi-  O turismo constitui área-chave para o relacionamento
          lho (1,8%). As conquistas da indústria aeronáutica bra-  bilateral. A Espanha não é apenas uma importante fonte
          sileira nos últimos anos também se re etem no mercado  de viajantes, mas sobretudo um país que detém grande
          espanhol, correspondendo as vendas do setor a 2,1% do  expertise e capacidade de investimentos no setor, que
          total de nossas exportações para a Espanha, em 2024.  tem se expandido e adquirido ainda mais relevância eco-
                                                              nômica. No Brasil, foi responsável por aproximadamen-
          Ainda que calcada sobretudo em commodities, a compo-  te 8% do PIB, em 2023. A Espanha, com sua história de
          sição  da  pauta  não  tem  se  mantido  uniforme  ao  longo  incomparável êxito no desenvolvimento turístico, atraiu
          do tempo. O embargo europeu a recursos energéticos de   94 milhões de visitantes em 2024, convertendo-se no
          origem  russa  teve  como  resultado  direto  uma  mudança  segundo principal destino do mundo, com expectativas
          de  patamar  nas  exportações  brasileiras  de  petróleo,  que  de superar a França antes do  nal da década.
          saltaram de cerca de 1 bilhão de dólares ao ano no triênio
          2019-2021 para 4 bilhões, em média, no último triênio.  Madri, além de sediar a organização internacional mais
          De forma semelhante, a partir de 2022, o aumento da de-  relevante do setor, a Organização Mundial do Turismo
          manda global pelo produto e reduções nas safras de café  (ONU Turismo), abriga uma de suas principais feiras,
          do Vietnã tiveram como consequência aumento substan-  a FITUR, que ocorre anualmente em janeiro, abrindo
          cial da participação do grão brasileiro no mercado espa-  o calendário da indústria. Por esses motivos, a Espanha
          nhol.  Também  naquele  ano,  a  quebra  da  safra  de  milho  foi escolhida pelo Ministério do Turismo para o lança-
          na Espanha levou o país a duplicar suas importações do  mento do Guia de Investimentos em Infraestrutura de
          cereal, o que fez as exportações brasileiras triplicarem (de  Turismo no Brasil, elaborado em parceria com a ONU
          430 milhões para 1,3 bilhão de dólares). No caso do açú-  Turismo e o Banco de Desenvolvimento da América La-
          car, as exportações brasileiras à Espanha, em 2024, embo-  tina e Caribe (CAF).
          ra tenham permanecido em patamar elevado, reduziram-
          -se pela metade em comparação aos picos de 2022 e 2023,   O igualmente recém-lançado Plano Nacional de Tu-
          em decorrência do aumento da produção local de beter-  rismo 2024-2027, para além de almejar tornar o Brasil
          raba açucareira e consequente redução das importações.  o país mais visitado da América do Sul (posição atual-
                                                              mente ocupada pela Argentina), estabelece como alguns
          Pelo prisma das importações, a Espanha  gura entre  de seus pilares a modernização da infraestrutura turísti-
          os quinze principais mercados de origem dos produtos  ca nacional e a digitalização do setor, o que representa
          comprados pelo Brasil, fornecendo itens que contri-  elevado potencial para atração de capital estrangeiro.
          buem para a produtividade da indústria nacional, estan-  Em termos de investimento em projetos green eld de
          do a pauta formada basicamente por bens de capital e  turismo, o Brasil permanece como terceiro mercado da
          itens da indústria de transformação, com participação  América Latina e Caribe, com cerca de 1,5 bilhão de dó-
          mais representativa de derivados de petróleo, maquiná-  lares investido entre 2015 e 2024 ( gurando a Espanha
          rio e instrumentos mecânicos, medicamentos e produ-  entre as principais origens desses recursos), o que revela
          tos da indústria química.                           potencial de crescimento.


          Nº  162 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2025                                                       21
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