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Geopolítica


          pela rede de acordos da ALADI (ACEs) na América do  cia arti cial, devem ser algumas das prioridades para o
          Sul), e multilaterais (Organização Mundial de Comér-  país. Os avanços tecnológicos, se bem aproveitados pela
          cio) deverá ser de nida para pôr  m ao isolamento do  indústria nacional, permitirão um salto qualitativo nas
          Brasil, com ênfase na abertura de novos mercados e na  indústrias novas e de signi cativa absorção das novas
          integração do Brasil às cadeias produtivas globais, ao au-  tecnologias, que propiciarão uma reindustrialização do
          mento dos  uxos do comércio exterior e do investimen-  país em novas bases.
          to externo. Em relação ao Mercosul, depois de 30 anos
          não se poderá adiar uma avaliação de seu funcionamen-  Para enfrentar o desa o das rápidas mudanças no cená-
          to e decidir se as negociações com terceiros países conti-  rio global, os formuladores de políticas governamentais
          nuarão a ser com uma única voz ou se os entendimentos   terão de de nir o que o Brasil quer da relação com os
          serão bilaterais, além de o que fazer com a Tarifa Externa   EUA (sem alinhamentos automáticos), com a China,
          Comum. A rati cação dos acordos do Mercosul com a   com a Ásia, com a Europa e com seu entorno geográ co,
          União Europeia e com a EFTA poderá ser concluída em   com objetivos estratégicos claros.
          2025. Depois da assinatura do acordo com Singapura,  O ingresso do Brasil na OCDE, a participação do Brasil
          os entendimentos com Indonésia, Japão, Canadá, Co-  no BRICS, no G20, na Comunidade dos Países de Lín-
          reia e Vietnã deveriam ser acelerados. Levando em con-  gua Portuguesa e no acordo Índia, Brasil e África do Sul
          ta as perspectivas do relacionamento econômico com os   são prioridades adicionais com efeito positivo sobre o
          EUA, deveria ser estimulada a negociação de um acor-  comércio exterior.
          do comercial mais amplo do Brasil com o México. Por
          outro lado, falta uma estratégia para uma aproximação   Nesse contexto, o pensamento estratégico de médio e
          maior com os países africanos visando a negociação de   longo prazo não pode continuar ignorado pela socieda-
          acordo comercial com o Mercosul.                    de e pelo governo brasileiro.

          De nada adianta negociar acordos comerciais com bai-  É importante começar a discutir o Brasil, potência média
          xas tarifas se os produtos, sobretudo os industriais, con-  regional, oitava economia global, com um comércio ex-
          tinuam não competitivos. O setor privado tem de atuar  terior de mais de meio trilhão de dólares. Essa discussão
          junto ao Congresso para avançar nas medidas do NIB  não pode ser efetuada sem a percepção de que ela é parte
          e nas reformas estruturais, para reduzir o custo Brasil e  da compreensão e superação dos desa os internos e ex-
          tornar o produto nacional competitivo.              ternos que o país terá de enfrentar nos próximos anos.

          A simpli cação burocrática e o apoio à pesquisa e ao  Comércio exterior deve ser considerado como parte re-
          desenvolvimento, para aproveitar as mudanças que a  levante da discussão sobre o lugar do Brasil no mundo,
          inovação e a tecnologia estão trazendo com a inteligên-  como ocorre em outros países.
































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