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Financiamento às Exportações




          •  operações de inanciamento não relacionadas à co-     das cadeias globais de valor, simpliicando o i-
             mercialização do produto ou serviço no exterior, mas   nanciamento do multi-sourcing e das aquisições
             que aumentam a competitividade do exportador –       de bens de capital e de serviços de diversos pa-
             em particular,  inanciamento ou garantia para inan-  íses. No coinanciamento, a ACE líder da ope-
             ciamento: (i) de capital de giro para a produção do  ração assegura, em uma única operação, apoio
             bem ou serviço a ser exportado; (ii) de investimento   inanceiro às exportações provenientes de diver-
             na expansão da capacidade produtiva do exportador;   sos  países,  estabelecendo  seus  termos  e  condi-
             e (iii) da cadeia produtiva do exportador;           ções, e providenciando os trâmites administrati-
                                                                  vos. Paralelamente, as ACEs dos diversos países
          •  apoio a investimento de empresas do país no ex-      exportadores resseguram ou oferecem contraga-
             terior.                                              rantias à ACE líder, conforme as participações


          As  operações estruturadas  (em  particular  o  project   das exportações de seus países na operação. Na
          inance)  e  o  coinanciamento  são possivelmente as     ausência do coinanciamento, para assegurar o
          modalidades de inanciamento às exportações de bens      suprimento de bens de capital e insumos prove-
          e serviços que experimentaram desenvolvimentos mais     nientes de diversos países, o empreendedor de-
          expressivos em virtude das novas tendências apontadas   veria negociar e contratar diversos inanciamen-
          (EXIM, 2015).                                           tos, incorrendo em maiores custos de transação
                                                                  e maior esforço administrativo.
          •  As operações estruturadas – ao combinar em uma
             mesma operação as diversas opções de apoio i-    O desenvolvimento de novas modalidades de inan-
             nanceiro às exportações, articulando inclusive as   ciamento, envolvendo operações de valor e comple-
             reguladas e as não reguladas – propiciam maior   xidade crescentes, tem exigido transformações tam-
             lexibilidade à ACE para adequar a operação aos   bém nas garantias oferecidas pelas ACEs, com o de-
             requisitos  particulares  do  empreendimento  i-  senvolvimento de novos modelos a serem integrados
             nanciado, o que confere maior competitividade    em operações estruturadas de inanciamento e ope-
             aos exportadores apoiados.                       rações de project inance. Além disso, multiplicam-se
                                                              também as operações de cosseguro ou de cogarantia
             •  A opção da ACE pelas operações estruturadas  em que ACEs de diversos países compartilham o ris-
                é  particularmente  relevante  no  inanciamento  co de uma mesma operação de inanciamento.
                de projetos de maior porte e expostos a maio-
                res riscos comerciais e políticos. Em economias  Para concluir esta seção, convém retomar e qualii-
                emergentes e em desenvolvimento, sem grau de  car a airmação, apresentada no seu primeiro pará-
                investimento, e em inanciamentos com prazos  grafo, de que as operações de inanciamento às ex-
                superiores a dez anos, essa participação pode ser  portações são, em geral, atribuídas a uma entidade
                necessária para viabilizar o inanciamento pela  governamental  especíica,  uma  agência  de  crédito
                ACE e para assegurar a participação de institui-  à exportação. Essa qualiicação é relevante porque
                ções inanceiras privadas.                     a coniguração atualmente observada no Brasil não
                                                              corresponde a esse modelo, em mais de um aspecto.
             •  A disseminação das operações estruturadas tem
                se beneiciado também do desenvolvimento, pe-  O exame da coniguração institucional do apoio i-
                las instituições inanceiras privadas, de soluções  nanceiro  às  exportações  nos  países  exportadores
                inovadoras de mitigação de riscos, bem como  indica, no entanto, que o modelo predominante de
                do interesse dos investidores institucionais e de  uma única ACE especializada no fomento às expor-
                fundos de investimento de se associarem a essas  tações apresenta, como é de se esperar, algumas va-
                operações, por exemplo, absorvendo títulos rela-  riantes.
                tivos à securitização da receita futura de novos
                empreendimentos. Da mesma forma, as opera-    •  A diferença mais relevante da coniguração ado-
                ções estruturadas têm contado também com o        tada por alguns países em relação ao modelo bá-
                apoio de organismos inanceiros internacionais.    sico é a existência de mais de uma ACE.

          •  O coinanciamento permite atender as especii-        •  De um conjunto de 59 países que contam com
             cidades dos grandes projetos de investimento e          ACEs, 14 (um quarto) têm mais de uma agên-

       16                                                                      Nº  130 -  Janeiro/Fevereiro/Março de 2017
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