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RBCE - A revista da













                 O segundo artigo desta edição da RBCE foca sua preocupação na involução da indústria de transformação brasileira
                 e, principalmente, na falta de competitividade de nossas empresas. Atribui o retrocesso da indústria não à falta de i-
                 nanciamento ao investimento ou à inovação, nem à falta de incentivos iscais ou à desproteção frente à concorrência
                 externa. Esses instrumentos estiveram quase sempre disponíveis, mas foram mobilizados no marco de um ativismo
                 sem estratégia, ausência de diagnóstico correto e restrições de acesso a mercados e recursos, que amorteceram as
                 forças da competição, inibiram a competição e fragilizaram as empresas. Em consequência, o fundamento de uma
                 nova política industrial deve ser a reforma do Estado: redeinição de suas atribuições, eliminação de normas buro-
                 cráticas e remoção de barreiras institucionais que elevam os custos de transação seriam os pré-requisitos para um
                 novo desenho das políticas industriais.

                 A política comercial é assunto dos outros dois artigos da Revista. O primeiro deles apresenta um diagnóstico sucin-
                 to da situação atual do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e as propostas da indústria brasileira às vésperas de o
                 país assumir a presidência pro tempore do bloco.  A grave crise pela qual atravessa o Brasil, assim como outros países
                 da região, não deixam espaço para uma agenda maximalista. Ainda assim, as propostas apresentadas constituem um
                 bom roteiro de assuntos e temas a serem abordados, no curto ou no médio prazo.

                 O segundo artigo, com foco na política comercial, tem cunho mais conjuntural. O texto retrata a evolução recente
                 dos indicadores de orientação externa da indústria brasileira, calculados conjuntamente pela Fundação Centro de
                 Estudos do Comércio Exterior (Funcex) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), destacando a intensiica-
                 ção no uso de insumos importados entre 2003 e 2014, com ligeira queda no período mais recente. Tal constatação
                 levanta questões que o trabalho não tem o propósito de elucidar, mas que não deixa de registrar. Quais as razões
                 do aparente baixo impacto do aumento na utilização de insumos importados na competitividade da indústria? O
                 que explicaria a ausência de alguns efeitos positivos esperados, como o aumento na qualidade e variedade dos bens
                 industriais elaborados pela indústria local ou até uma maior vinculação com cadeias produtivas globais? São per-
                 guntas cuja resposta, como destacado pelos próprios autores, recomenda a necessidade de novas pesquisas.

                 Boa leitura!

                 Ricardo Markwald































                Nº  131 -  Abril/Maio/Junho de 2017                                                                  3
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