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Seguro de Crédito às Exportações
Apoio o cial à exportação e as Agências de Crédito:
uma nova esperança para o Brasil!
Sergio Margutti
Sergio Margutti head of Export & Agency no Banco Santander Brasil
Enquanto o mercado nanceiro ainda assimila o pacote Trump e suas implicações, o apoio o cial à exportação vive
um cenário de cabo de guerra. As Agências de Crédito à Exportação (ECAs) estão mudando sua dinâmica de atua-
ção com um processo de exibilização no âmbito da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), juntamente com um aumento nos prazos de nanciamento, tanto na esfera corporativa quanto para
projetos. Entretanto, enfrentam incertezas quanto à postura do novo governo Trump em relação ao multilateralis-
mo, o que pode impactar a dinâmica do comércio mundial. Além disso, as políticas de comércio exterior mudaram
de direção com a proposta legislativa da União Europeia, que busca alcançar a neutralidade climática até 2050. O
ambicioso pacote, que abrange 13 medidas, vai desde a utilização de veículos elétricos até a scalização energética,
passando pelo mercado de emissões de CO2 e o desenvolvimento de biocombustíveis sustentáveis, colocando em
xeque os investimentos em combustíveis fósseis.
Inicialmente, é importante conceituar o que são as Agências de Crédito à Exportação (ECAs). A Organização
para a Cooperação Econômica Europeia (OEEC) foi criada em 1948 para executar o Plano Marshall, o cialmente
conhecido como Programa de Recuperação Europeia. Esse programa, nanciado pelos EUA, visava a reconstrução
do continente devastado pela Segunda Guerra Mundial (con ito militar global que durou de 1939 a 1945). Ao
fazer com que os governos reconhecessem a interdependência de suas economias, abriu-se caminho para uma nova
era de cooperação que transformou a Europa. Encorajados pelo sucesso da OEEC e pela perspectiva de expandir
suas atividades, Canadá e EUA se juntaram aos membros da OEEC para assinar a Convenção da OCDE em 14 de
dezembro de 1960. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nasceu o cialmente
em 30 de setembro de 1961, quando a Convenção entrou em vigor.
Outros países se juntaram, começando pelo Japão em 1964. Hoje, são 38 países membros da OCDE, que buscam,
regularmente, identi car problemas, discuti-los, analisá-los e promover políticas para resolvê-los. O histórico é im-
pressionante: os EUA viram sua riqueza nacional aumentar exponencialmente desde a criação da OCDE (calculada
em termos de produto interno bruto per capita). Outros países da OCDE também registraram progressos seme-
lhantes e, em alguns casos, ainda mais signi cativos. A OCDE contribuiu para o aumento das trocas e interações
entre países. Exemplos como Brasil, Índia e República Popular da China emergiram como novos gigantes econô-
micos. Esses três países, juntamente com Indonésia e África do Sul, são os principais parceiros da Organização (e,
portanto, não são membros) e contribuem para o trabalho da OCDE de maneira sustentada e abrangente. Juntos,
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