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Comentário Internacional








             Nona economia do mundo,


             mas podemos ir além















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                                                                             é jornalista e economista

              George Vidor



          Com um crescimento da ordem de 2,9%, conforme a estimativa preliminar do IBGE para o Produto Interno Bruto
          (PIB) em 2023, a economia brasileira teria alcançado a nova posição no ranking global. Passamos o Canadá e a
          Rússia, e ainda estamos ligeiramente atrás da Itália, com tendência a superá-la caso em 2024 o Brasil consiga crescer
          mais que 2%. Estaremos longe de países como Alemanha, Japão, Índia e Reino Unido, e ainda mais distante dos
          Estados Unidos e da China. Porém, subindo um degrau de casa vez.

          Para se ter ideia dessa distância, o PIB brasileiro é cerca da metade do alemão. Em termos de renda média, a distância
          se multiplica, porque a Alemanha tem 87 milhões de habitantes e o Brasil, 203 milhões. No entanto, a renda média
          brasileira supera a da Índia. Por esse parâmetro, o Brasil talvez se equiparasse ao Japão dos anos 1950, embora não
          se possa comparar acessos às comodidades entre uma época e outra. O grau de pobreza no Brasil permanece elevado
          e extremamente incômodo pela desigualdade (na América do Sul, só comparável à do Chile, que, no entanto, tem
          uma renda média superior à brasileira). Mesmo os mais pobres têm no Brasil, em grande parte, acesso à energia elé-
          trica, à telefonia celular, à internet, a eletrodomésticos em geral. Faltam transportes, moradias dignas, educação etc.

          O desenvolvimento econômico capaz de proporcionar bem-estar à maioria da popular é um processo sem fórmulas
          mágicas, que exige esforço de poupança, investimento, ganhos persistentes de produtividade e uma razoável ajuda
          da natureza.
          Em 2023, o comércio exterior foi uma das forças motrizes da economia brasileira. O agronegócio continua a se
          destacar tanto pelo lado das exportações como no avanço em culturas e atividades antes dominadas pelas impor-
          tações. Já não está longe o dia em que a produção nacional de trigo vai se igualar ao consumo interno do produto
          (por questões de preço e qualidade, parte da produção tende a ser exportada e parte do consumo continua atendido
          por importações). Azeite de oliva, vinhos  nos, frutas de clima temperado e até levedo para fabricação de cerveja
          estão ocupando espaço, mesmo que modesto, por enquanto, no agronegócio. A perigosa dependência em relação a
          fertilizantes importados de países problemáticos tende também a diminuir.

          O agronegócio divide com a indústria extrativa (minérios, petróleo e derivados) a primazia da pauta brasileira de
          exportações. Mas o Brasil exporta aço, veículos, aeronaves, metais, e excedente de energia elétrica para países vizi-
          nhos, quando isso é possível.

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