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Estratégia de Integração
Dos 21 setores analisados, todos registraram aumento no Os setores de mais alta intensidade tecnológica (Equi-
coeiciente de exportação entre 2014 e 2016, variando de pamentos de informática, produtos eletrônicos e ópti-
5,6%, no caso de Bebidas, a 104%, no caso de Impressão cos, Farmoquímicos e farmacêuticos e Químicos) mos-
e reprodução. Cabe ressaltar que oito setores registraram traram, desde 2003, coeicientes de exportações líquidas
queda no quantum exportado, ou seja, o crescimento do negativos, ou seja, o custo com insumos importados
coeiciente deveu-se tão somente à queda na produção. supera a receita com exportações. Esse modelo de orien-
Dos setores restantes, com aumento das exportações, sete tação externa se intensiicou durante o período estuda-
apresentaram queda na produção mais intensa do que do. A dependência de insumos importados aumentou,
crescimento das exportações, de modo que o principal enquanto a importância das vendas externas para a pro-
determinante do aumento do coeiciente de exportação dução caiu ou se manteve baixa. Desse modo, o coei-
foi, efetivamente, a retração da demanda doméstica. ciente ampliou seu saldo negativo na comparação entre
a média do biênio 2003-2004 e 2015-2016 (Tabela 4).
SETORES DE MÉDIA-ALTA Máquinas e equipamentos, Veículos automotores e Má-
TECNOLOGIA: DEPENDÊNCIA quinas, aparelhos e materiais elétricos são exemplos de
setores que apresentaram queda do coeiciente de exporta-
DE INSUMOS IMPORTADOS ções líquidas devido, principalmente, ao aumento do foco
SEM CONTRAPARTIDA NAS no mercado doméstico. Nos setores de Veículos automo-
EXPORTAÇÕES tores e Máquinas, aparelhos e materiais elétricos, essa mu-
dança foi tal que o coeiciente de exportações líquidas se
tornou negativo em 2009 e 2010, respectivamente. Houve
O coeiciente de exportações líquidas da indústria de reversão da tendência do coeiciente no inal do período,
transformação, que mostra o saldo entre a receita com ex- o que está relacionado à recuperação das exportações, haja
portações e a despesa com insumos industriais importados vista que o custo com importados não diminuiu, mas au-
(ambos medidos em relação ao valor da produção), sinteti- mentou, em razão do efeito do câmbio depreciado sobre o
za e corrobora a mudança de natureza estrutural na indús- preço em reais das importações. A reversão, contudo, foi
tria para alguns setores. O indicador apresentou tendência insuiciente para o indicador retornar ao patamar de 2003.
de queda entre 2005 e 2014, e chegou a quase 0%, passan-
do de 10% na média do biênio 2005-2006 para 0,7% na Os setores de baixa intensidade tecnológica (Madeira,
média do biênio 2013-2014, a preços correntes. Como o Celulose e papel, e Couros e calçados) se caracterizam
foco desse indicador é a comparação entre receita e despe- por coeicientes de exportações líquidas positivos. São
sa, a análise nesta seção utiliza a série a preços correntes. setores com elevada importância das vendas externas
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TABELA 4
COEFICIENTE DE EXPORTAÇÕES LÍQUIDAS, SETORES DE ALTA E MÉDIA-ALTA INTENSIDADE
TECNOLÓGICA (PREÇOS CORRENTES, EM %)
Intensidade tecnológica Setores 2003-2004 2010-2011 2015-2016*
Setor com coeiciente positivo
Média-alta Máquinas e equipamentos 19,7 6,3 10,5
Setores com coeicientes próximos de zero
Média-alta Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 6,2 -2,0 -0,7
Média-alta Veículos automotores 12,9 -0,9 -0,9
Setores com coeicientes negativos
Alta Farmoquímicos e farmacêuticos -9,1 -8,3 -12,8
Média-alta Químicos -5,3 -13,0 -13,3
Alta Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos -13,3 -30,4 -44,0
Fonte: CNI e Funcex. Nota: *Valores de 2015 e 2016 são estimativas.
46 Nº 131 - Abril/Maio/Junho de 2017