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RBCE - A revista da





          2.  Aplicar estritamente as leis de defesa comercial:
             isso incluiria além das leis relativas a antidum-  “
             ping, antissubsídios e salvaguardas, a utilização     No governo Trump, o setor privado passa
             da Seção 301 do Trade Act de 1974 que autoriza o        para segundo lugar em inluência, mas
             USTR a tomar “medidas apropriadas” em respos-          ainda é mais inluente que o Legislativo.
             ta a ações que violem acordos comerciais interna-        Em negociações comerciais com este
             cionais ou sejam injustiicáveis ou não razoáveis      governo, a recomendação  seria a de, antes
             ou discriminatórias e que afetem negativamente
             o comércio dos EUA. No passado, a Seção 301 foi          de tudo, procurar convencer a troika
             vulnerável a questionamento na OMC por permi-
             tir a aplicação unilateral de restrições ao comér-                                                 “
             cio. Resta saber como será implementada. Por ou-
             tro lado, é importante notar que, embora não se
             encaixem na deinição legal de defesa comercial
             e possam provocar questionamentos na OMC, os         segundo declarações anteriores de Trump, deve-
             acordos voluntários de restrição às exportações      rão incluir aviso prévio de 30 dias para denúncia
             podem retornar ao cabedal de opções para pro-        de acordos, em vez dos atuais seis meses; cláusula
             teger a indústria norte-americana, como ocorreu      ou medida de proteção contra manipulação cam-
             nos anos 1980, no setor siderúrgico, com Lighthi-    bial; e substituição das cláusulas de disputa inves-
             zer como USTR Alterno.
                                                                  tidor-estado por um novo sistema de solução de
          3.  Utilizar todas as fontes de alavancagem para en-    controvérsias para investimentos.
             corajar outros países a abrirem seus mercados às   Não mencionados na agenda, mas parte integrante
             exportações norte-americanas de bens e serviços,   do programa de Trump, estão os incentivos para aqui-
             e proteger os direitos de propriedade intelectual:   sição de produtos exclusivamente norte-americanos em
             aplicar-se-á o princípio da reciprocidade com    obras de inraestrutura e desincentivos à terceirização
             aqueles países que se recusem a abrir seus mer-  da produção doméstica em outros países.  O  progra-
             cados e a Seção 301 é citada como instrumento    ma de infraestrutura prometido consumirá entre
             poderoso para convencer outros países a adotar   US$150 bilhões e US$1 trilhão em dez anos e in-
             políticas mais “market-riendly”.                 cluirá recuperação e construção de estradas, pontes,
          4.  Negociar novos e melhores acordos comerciais    aeroportos, redes públicas de transporte, oleodutos,
             com países em mercados-chave: mencione-se que,   gasodutos, entre outros empreendimentos. Para to-
             neste contexto, os EUA deram início ao processo   das essas obras, o requerimento será Buy American,
             de seis meses para sair do Acordo Trans-Pacíico   ou seja, apenas produtos de fabricação doméstica se
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             (Trans-Paciic Partnership –TPP), e anunciou rene-
             gociação do  North American Free Trade Agreement   Em sua campanha, Trump prometeu penalizar as
             (Nata). O novo foco passa a ser em acordos bila-  empresas norte-americanas que fabricassem seus
             terais, o que, na ótica negociadora de Trump, faz   produtos no exterior para depois vendê-los nos EUA.
             todo sentido. A alavancagem dos EUA será maior  Chegou a propor imposição de tarifas punitivas de
             no âmbito bilateral do que no regional ou multila-  30% e 40% a importações provenientes da China e
             teral, onde outros países podem se unir para resis-  do México, que seriam as principais origens dessas
             tir a demandas norte-americanas. E nesse particu-  importações. Essa opção, no entanto, não deve vin-
             lar, vale citar um trecho do livro de Trump he Art  gar em função de seus acessores alertarem para um
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             of the Deal:  Alavancagem: não faça negócios sem  provável bem-sucedido questionamento dessas me-
             isso. Exalte (em inglês, Leverage: don’t make deals  didas na OMC. O Ajustamento Fiscal de Fronteira
             without it. Enhance).  Novos acordos comerciais,  (Border Adjustment Tax – BAT), no entanto, tem boas
                                        ............................................................................

          10  Ver nota 4, supra.
          11  Note-se, no entanto, que na construção recentemente liberada do oleoduto Dakota Access Pipeline, que estava paralisada em virtude de considerações
          ambientais, o requerimento Buy American teria sido lexibilizado.

          Nº  130 -  Janeiro/Fevereiro/Março de 2017                                                        9
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