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RBCE - A revista da
Ao se considerar o histórico do superávit na balança comercial, isto mostra que há indícios de que se vivenciará um
período de superávit estrutural dessa conta do balanço de pagamentos. Vale sempre lembrar que o acompanhamen-
to da balança comercial e da produção e difusão de índices de preço e quantum das exportações e importações é feito
pela Funcex. Mas, é nítido que há aumento na participação e do market share internacional em produtos do agrone-
gócio (complexo soja e milho; carnes), e em bens intensivos em recursos não renováveis (como minérios e petróleo).
Por isso, a hora é de analisarmos questões conjunturais e estruturais que reforcem a necessidade de expandir as ex-
portações e de incentivar uma melhor implantação da Política de Comércio Exterior. Esta edição da RBCE trata de
dois temas nessa direção: a) China e b) Nova Indústria Brasil.
Considerando que em junho próximo haverá um encontro no Gosban entre autoridades brasileiras e chinesas para
analisarem as perspectivas futuras do comércio exterior bilateral, a RBCE abriu espaço nesta edição para que Alexandre
Coelho e Rafaella Mello abordassem como as instituições de ambos os países podem fortalecer os laços comerciais
entre o Brasil e a China. Como a cultura exportadora se tornou uma Política de Estado no Brasil, ais Moretz sugere
ações em prol de uma nova cultura exportadora para a China. Esses artigos mais os dois publicados em RBCE anterio-
res sobre uso do renminbi no câmbio e no trade nance, mostram que há espaço para o crescimento e a diversi cação
das exportações brasileiras para o nosso principal parceiro comercial. Esse esforço de análise e proposição se re ete e
atende à nossa parceria com o Centro de Desenvolvimento da Indústria da Informação da China (CCID).
uanto ao programa de governo Nova Indústria Brasil, André Nassif faz uma avaliação da nova política industrial
brasileira. Frederico Teixeira analisa a redução de custos e a agilidade no comércio exterior brasileiro na base da in-
dústria de defesa e de energia nuclear a serviço da neoindustrialização. Abdul Temporário apresenta sugestões para
uma missão orientada em inovar e exportar dispositivos médicos do Brasil.
Na seção comentário internacional, George Vidor mostra que o Brasil é a nona economia do mundo, mas o país
pode subir mais nesse ranking. Temos ainda breves análises sobre as perspectivas econômicas. Luis Rutledge aborda
os riscos geopolíticos que explicam a instabilidade dos mercados de energia. Por sua vez, Paulo Roberto de Almeida
discorre sobre o Brasil e o G20. Sergio Costa e Silva sugere uma efetiva ação de so power brasileiro ao mostrar como
o projeto Música no Museu é um meio para a divulgação da imagem internacional do Brasil. Finalmente, as nossas
páginas azuis apresentam como a Fundação Severino Sombra vem internacionalizando suas atividades.
A variedade de temas abordados nesta RBCE mostra que os cenários para o setor de comércio exterior em 2024/2025
são propícios à expansão das exportações brasileiras, mesmo num contexto internacional de maior guerra comercial,
riscos geopolíticos e tensão devido ao movimento de transição de um mundo unipolar para um mundo multipolar.
Mas, para que os benefícios com o provável aumento das exportações sejam capturados pelos exportadores brasileiros
precisamos assegurar que: a) haja oferta e acesso a recursos para nanciar e ter seguros de crédito nas exportações;
b) haja oferta de serviços para maior promoção comercial das exportações e difusão da cultura exportadora por parte
da agência responsável por essas ações; c) a não incidência de impostos e taxas seja assegurada nas leis complemen-
tares a serem analisadas e aprovadas no Congresso Nacional; d) as sugestões elencadas nos artigos sejam apreciadas
e avaliadas pelas autoridades governamentais.
Os pontos acima mencionados podem ser alternativas para a expansão continuada das exportações nacionais.
Miguel Lins
Vice-presidente da Funcex
Nº 158 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2024 3