Page 5 - rbce129
P. 5
RBCE - A revista da
de que Trump representa uma fonte adicional de incertezas para a economia global, sendo que estas seriam mais
elevadas nas políticas de comércio.
Negociações comerciais. Após um período marcado por baixo ativismo no desenvolvimento de acordos comercias
e de presença excessiva de agendas políticas tanto na escolha de parceiros como no grau de ambição econômica das
negociações, o Brasil iniciou um processo de revisão de sua política comercial externa.
Este neoativismo, marcado também por ambiguidades, encontrou um ambiente global menos receptivo, o que
torna a evolução dessa agenda mais difícil. O Brasil passou a aceitar a discussão de temas que não constavam do
seu menu habitual de negociações, aprofundou acordos na América do Sul e apostou suas ichas na inalização do
acordo com a União Europeia em 2018.
Um tema teve destaque nas apresentações: por que integrar? Há o reconhecimento de que a integração não é pa-
naceia, mas também não há casos de economias que se transformaram e cresceram de forma sustentável sem se
integrar à economia mundial. A principal justiicativa para a integração é o aumento da produtividade, fenômeno
que a experiência internacional poderá ocorrer por diversos canais: maior competição, acesso a bens de capital e
bens intermediários, inovações institucionais e o lock-in de reformas que acompanham os processos de integração.
Face as distorções da estrutura tarifária brasileira, baixa produtividade da economia e diiculdades de se avançar nas
negociações comerciais destacou-se a importância da revisão unilateral da estrutura tarifária com o objetivo de eliminar
as principais distorções que afetam a produtividade e impedem o processo de transformação estrutural da economia.
Na medida em que os efeitos de processos de liberalização são assimétricos, gerando ganhadores e perdedores, des-
tacaram-se a importância do exame de políticas que facilitem os processo de transição para pessoas e empresas.
Abertura de mercados para as empresas. Nas discussões sobre abertura de mercado sobressaíram quatro men-
sagens principais: a importância de as agências de promoção comercial desenvolverem iniciativas para que o País
aproveite efetivamente os acordos negociados, o papel estratégico do investimento direto como promotor do co-
mércio, a persistência de distorções tributárias, da logística, do inanciamento e, com destaque, a volatilidade cam-
bial, como obstáculos ao desenvolvimento do setor exportador.
Nessa mesa, ênfase foi dada ao papel das empresas. A atividade de internacionalização não permite improvisos e
e
depende de planejamento estruturado de todas as etapas e fases. O benchmarking a troca de experiências com
empresas que passarem pela mesma experiência é fundamental para se evitar os erros mais comuns e se enfrentar,
apenas, os “inevitáveis” erros novos.
Para o processo de internacionalização das empresas é igualmente importante que o País se aproxime das regras de
tributação mais próximas dos padrões globais.
Mensagem inal. Das diversas exposições, sobressai uma espécie de Discurso sobre o método para se examinar as
questões de comércio exterior. O primeiro elemento é a distinção entre ruídos e tendências. Num ambiente de
transformações rápidas e de excesso de informações, a distinção entre perturbações de curto prazo e tendências de
longo prazo é essencial. É fundamental compreender e se concentrar nos efeitos de longo prazo. O segundo é que o
Nº 129 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2016 3