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RBCE - A revista da
















          de que Trump representa uma fonte adicional de incertezas para a economia global, sendo que estas seriam mais
          elevadas nas políticas de comércio.

          Negociações comerciais. Após um período marcado por baixo ativismo no desenvolvimento de acordos comercias
          e de presença excessiva de agendas políticas tanto na escolha de parceiros como no grau de ambição econômica das
          negociações,  o Brasil iniciou um processo de revisão de sua política comercial externa.

          Este neoativismo, marcado também por ambiguidades, encontrou um ambiente global menos receptivo, o que
          torna a evolução dessa agenda mais difícil. O Brasil passou a aceitar a discussão de temas que não constavam do
          seu menu habitual de negociações, aprofundou acordos na América do Sul e apostou suas ichas na inalização do
          acordo com a União Europeia em 2018.

          Um tema teve destaque nas apresentações: por que integrar? Há o reconhecimento de que a integração não é pa-
          naceia, mas também não há casos de economias que se transformaram e cresceram de forma sustentável sem se
          integrar à economia mundial. A principal justiicativa para a integração é o aumento da produtividade, fenômeno
          que a experiência internacional poderá ocorrer por diversos canais: maior competição, acesso a bens de capital e
          bens intermediários, inovações institucionais e o lock-in de reformas que acompanham os processos de integração.

          Face as distorções da estrutura tarifária brasileira, baixa produtividade da economia e diiculdades de se avançar nas
          negociações comerciais destacou-se a importância da revisão unilateral da estrutura tarifária com o objetivo de eliminar
          as principais distorções que afetam a produtividade e impedem o processo de transformação estrutural da economia.

          Na medida em que os efeitos de processos de liberalização são assimétricos, gerando ganhadores e perdedores, des-
          tacaram-se a importância do exame de políticas que facilitem os processo de transição para pessoas e empresas.

          Abertura de mercados para as empresas. Nas discussões sobre abertura de mercado sobressaíram quatro men-
          sagens principais: a importância de as agências de promoção comercial desenvolverem iniciativas para que o País
          aproveite efetivamente os acordos negociados, o papel estratégico do investimento direto como promotor do co-
          mércio, a persistência de distorções tributárias, da logística, do inanciamento e, com destaque, a volatilidade cam-
          bial, como obstáculos ao desenvolvimento do setor exportador.
          Nessa mesa, ênfase foi dada ao papel das empresas. A atividade de internacionalização não permite improvisos e
                                                                                     e
          depende de planejamento estruturado de todas as etapas e fases. O benchmarking a troca de experiências com
          empresas que passarem pela mesma experiência é fundamental para se evitar os erros mais comuns e se enfrentar,
          apenas, os “inevitáveis” erros novos.
          Para o processo de internacionalização das empresas é igualmente importante que o País se aproxime das regras de
          tributação mais próximas dos padrões globais.

          Mensagem inal. Das diversas exposições, sobressai uma espécie de Discurso sobre o método  para se examinar as
          questões de comércio exterior. O primeiro elemento é a distinção entre ruídos e tendências. Num ambiente de
          transformações rápidas e de excesso de informações, a distinção entre perturbações de curto prazo e tendências de
          longo prazo é essencial. É fundamental compreender e se concentrar nos efeitos de longo prazo. O segundo é que o





         Nº  129 -  Outubro/Novembro/Dezembro de 2016                                                         3
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